O endro, essa erva aromática muitas vezes subestimada, cresce quase sozinha em algumas hortas, enquanto em outras pessoas só conseguem colher hastes finas e frágeis após meses de dedicação.
Quando vi pela primeira vez o cultivo de endro da minha vizinha, fiquei impressionado com a densidade e o verde vibrante das folhas — parecia até uma planta ornamental.
As folhas estavam tão unidas que formavam quase uma nuvem verde, e as bases das plantas mal podiam ser vistas em meio à folhagem. Foi nesse momento que percebi que algo estava errado no meu jeito de cultivar.
Passei um bom tempo refletindo sobre o que causava essa diferença. Quando finalmente ela compartilhou comigo os segredos para o sucesso no cultivo do endro, percebi como tudo poderia ter sido mais simples desde o começo.
Tudo começa, como em toda jardinagem, pelas sementes.
Durante anos, sem saber, usei a mesma variedade conhecida, a Gribovsky, que é excelente para uso como tempero, principalmente pelas suas sementes, mas não serve para produzir folhas densas e abundantes.
Essa variedade rapidamente cresce em altura e floresce, ao invés de formar um aglomerado folhoso e volumoso.
A grande diferença está no fato de que hoje em dia existem diversas variedades especialmente desenvolvidas para render muitas folhas.
Nomes como “Alligator”, “Kibray”, “Buquê Esmeralda” e “Kebab” aparecem nas embalagens — todas são variedades arbustivas, criadas para produzir folhagem densa.
O segredo é que na embalagem da semente deve constar a palavra “arbustiva”. Esse é o primeiro passo.
O segundo ponto — e que muita gente não valoriza — é a rega. O endro tem raízes rasas, o que significa que não consegue acessar água em camadas mais profundas do solo.
Sem rega frequente, a planta não desenvolverá folhas, mas sim um caule forte e logo florescerá. Minha vizinha, por exemplo, rega duas vezes por dia: de manhã e à noite.
Mesmo em dias nublados, exceto quando chove. A quantidade recomendada é de 10 litros por metro quadrado a cada rega; se só for possível regar à noite, a dose deve ser dobrada.
A umidade precisa estar presente à noite porque o endro — para minha surpresa — cresce principalmente durante a madrugada.
Outro detalhe quase mágico que ela usa é o amoníaco. A cada quatro dias, mistura uma colher de sopa de solução a 10% de amoníaco na água da rega.
Isso fornece nitrogênio para a planta, essencial para o crescimento das folhas, e também afasta pragas. Desde que comecei a usar esse método, não precisei mais de outros fertilizantes, e meu endro ficou muito mais exuberante.
A maior surpresa veio depois. A vizinha nunca arranca o endro pela raiz.
Ela aparava as plantas com tesouras de poda assim que elas atingiam entre 10 e 15 centímetros de altura. Isso faz com que o endro cresça para os lados, tornando-se mais volumoso.
Ela repetia esse procedimento três ou quatro vezes durante a temporada. Após cada poda, regava com água e amoníaco, e em poucas semanas o endro brotava de novo, forte e vistoso.
Eu, por outro lado, sempre arrancava as plantas inteiras, tirando também as raízes, e acabava cortando as chances de crescimento futuro.
Hoje evito esses erros. Meu canteiro de endro exala um aroma delicioso, cresce vigoroso e encanta quem o vê. Todos que passam param para perguntar qual é o segredo dessa colheita tão abundante.
Eu apenas sorrio, porque sei que a fórmula está nas sementes certas, na água bem administrada e nas podas regulares — três passos simples que juntos fazem toda a diferença.