Viúva Descobre Segredo do Marido Após 30 Anos

ENTRETENIMENTO

Trinta anos. Três décadas vividas lado a lado, que para Lídia passaram como se fossem um único e longo dia repleto de serenidade.

Ela e Alexandre, seu marido, moravam em um apartamento tranquilo e acolhedor, onde cada objeto, cada parede, guardava ecos de alegrias partilhadas e dores divididas.

Foram companheiros na rotina, cúmplices nos sonhos, parceiros nos planos, e juntos ergueram um lar. Lídia jamais duvidou de que o que tinham era genuíno, sincero e profundo.

A morte de Alexandre desfez esse mundo. Lídia ficou só. O apartamento, antes cheio de vida, parecia agora vazio, sombrio, um espaço sem alma.

Apenas um cômodo permanecia intocado: o escritório do marido. Um refúgio silencioso onde ele lia, escrevia, trabalhava ou simplesmente refletia em silêncio.

Durante meses, Lídia não teve coragem de entrar ali. Era como se, ao cruzar aquela porta, fosse obrigada a encarar a ausência irreversível.

Com o tempo, percebeu que não poderia adiar para sempre. Num dia de verão, quando a luz morna do sol dançava pelo chão, reuniu forças e abriu a porta.

O pó cobria a escrivaninha, as estantes repletas de livros, até mesmo a velha poltrona. O ar tinha um cheiro leve de guardado — familiar, melancólico, reconfortante.

Ela não estava sozinha. Sua amiga mais fiel, Eva, que morava em outra cidade, veio assim que soube que Lídia decidira confrontar o passado.

Juntas começaram a arrumação: tiraram o pó dos livros, examinaram papéis antigos, folhearam álbuns de fotografias amareladas pelo tempo.

Em cada imagem, o sorriso de Alexandre — sempre aquele olhar gentil, um tanto severo, mas repleto de ternura.

Depois de vasculharem armários e gavetas, Lídia se abaixou para olhar debaixo da cama. Foi então que encontrou uma pasta grossa, cuidadosamente escondida sob o colchão.

Era de um vermelho escuro, desconhecida para ela. Ao abri-la, sentiu o coração acelerar violentamente.

Dentro havia seis fotografias. Todas do mesmo menino — em diferentes idades.

Um bebê no carrinho, um garoto de uniforme escolar, um adolescente com olhar intenso e olhos escuros. As mãos de Lídia tremiam ao folhear as imagens.

Ela não reconhecia aquele rosto, mas havia nele algo estranhamente familiar, quase inquietante.

Entre as fotos, documentos variados: uma certidão de nascimento, alguns boletins escolares e um bilhete manuscrito com o nome de uma mulher e um número de telefone.

Lídia ficou muito tempo sentada na poltrona antiga, com a pasta no colo, tentando entender o que aquilo tudo significava.

A sensação de que aquilo não era coincidência crescia a cada instante. Finalmente, tomou coragem e discou o número.

Na outra ponta da linha, uma voz feminina, baixa e hesitante, atendeu. Lídia se apresentou, contou o que encontrara — e não precisou insistir. Depois de um silêncio longo, a mulher decidiu falar.

Revelou toda a verdade. Ela e Alexandre se conheceram quando ainda eram jovens, antes mesmo de Lídia e ele se casarem. Tiveram um breve envolvimento, do qual nasceu um menino.

Alexandre nunca deixou de cumprir seu papel. Ajudava financeiramente, enviava presentes, e por vezes os visitava discretamente. Segundo a mulher, ele foi firme em uma decisão: Lídia jamais deveria saber.

Achava que, assim, protegeria o casamento deles, e sobretudo, a paz da esposa.

Lídia ouviu tudo em silêncio. O mundo que construiu por trinta anos começava a desmoronar. Sentiu-se traída, ferida. O homem que ela acreditava conhecer por inteiro levava outra vida — paralela, secreta.

Mas junto à dor, surgiu algo inesperado — uma sombra de compreensão.

Ainda não era perdão, mas uma inclinação sutil para entender. Talvez pelos traços de Alexandre no rosto do menino. Talvez porque, à sua maneira, ele tentara ser responsável.

Naquela noite, Lídia ficou sozinha no escritório. Observava as fotos, uma a uma, várias vezes. Já não conseguia olhar para o passado da mesma forma.

Mas dentro dela nascia algo novo — uma aceitação lenta, dolorosa. Ela não sabia o que o futuro traria, mas sentia que, talvez um dia, encontrasse aquele menino.

E talvez, num tempo distante, pudesse também perdoar Alexandre.

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