Riram de senhora de 70 anos resposta calou os vendedores

ENTRETENIMENTO

Numa tarde escaldante de verão, quando as ruas empoeiradas da cidade pareciam adormecidas, uma senhora idosa e cansada atravessou devagar a porta de uma loja de roupas sofisticadas.

Talvez já tivesse passado dos setenta anos.

Seus cabelos estavam despenteados, como se o vento dos anos tivesse moldado cada fio ao acaso. Vestia um traje desbotado, gasto pelo tempo, e usava sandálias velhas, que já pediam por substituição há muito.

Nas mãos segurava uma sacola plástica amassada, como se guardasse ali algo frágil — talvez uma lembrança preciosa.

Ao entrar, duas jovens atendentes que estavam atrás do balcão trocaram olhares rápidos e começaram a cochichar.

— Veio só olhar, com certeza — disse uma, em tom de desprezo.

— Com essa aparência? Duvido que consiga pagar até o vestido mais barato daqui — completou a outra.

Mas a senhora não deu atenção. Com a voz baixa e trêmula, perguntou:

— Com licença… estou procurando um vestido de festa. Vocês têm?

As vendedoras hesitaram, depois uma delas respondeu com certo desdém:

— Vestido de festa? Temos sim… mas são peças caras. São para eventos requintados, ocasiões especiais.

A mulher abaixou o olhar, mas permaneceu em silêncio. Ao invés de sair, como talvez esperassem, começou a caminhar lentamente entre as araras.

Com delicadeza, passava a mão pelos tecidos, como se cada um despertasse lembranças antigas. Cada vestido parecia sussurrar uma história — talvez de um tempo em que havia mais esperança que dor.

Até que parou. Avistou um vestido vermelho. A cor brilhava viva sob as luzes, como se o próprio tecido tivesse alma.

Ela o retirou com cuidado, apertou contra o peito, e um leve sorriso, profundo e sereno, surgiu em seu rosto.

— É esse. É exatamente esse… perfeito — murmurou, quase para si mesma.

Uma das atendentes se aproximou, e com uma pitada de ironia perguntou:

— A senhora sabe quanto custa esse vestido? São mais de cinco mil pesos. Quem vai pagar por ele?

A senhora não respondeu. Não se ofendeu. Apenas abriu sua sacola amarrotada e retirou de dentro um envelope envelhecido, que desdobrou com delicadeza.

E então, como num gesto cerimonial, despejou o conteúdo sobre o balcão.

Notas e moedas, algumas desgastadas, outras quase irreconhecíveis. Dinheiro antigo, em vários valores, mas contado com precisão. Não faltava nada. As vendedoras ficaram em silêncio.

A expressão de desdém se esvaiu, substituída por algo novo: curiosidade, vergonha, e talvez um lampejo de respeito.

— Para quem é o vestido? — perguntou uma delas, agora num tom muito mais suave.

A senhora respirou fundo, com os olhos marejados, respondeu:

— Para minha filha. Hoje ela faria dezoito anos… Ela foi meu milagre. O bebê que os médicos diziam que eu nunca teria. Mas Deus me presenteou com ela.

Era uma menina maravilhosa, cheia de alegria. Perdi ela há dois meses. Mas antes de partir… me mostrou esse vestido num catálogo. Disse que era o sonho dela usá-lo no aniversário.

Fez-se um silêncio denso. O som do ambiente, a música de fundo, tudo pareceu sumir. As atendentes procuravam palavras, mas nenhuma veio.

Aquele vestido, alvo de zombaria minutos antes, tornara-se algo sagrado.

Porque essa história não é apenas sobre um vestido. Fala de como julgamos com facilidade pela aparência.

De como tantas dores, memórias e amores podem habitar por trás de um rosto marcado pelo tempo. E que o amor verdadeiro não conhece limites — ele deseja oferecer mesmo quando já não há quem receba.

Pois às vezes, o maior gesto de amor vem dentro de um envelope velho, nas mãos de uma senhora, e ganha forma num vestido vermelho — como lembrança, promessa e despedida.

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