Hoje de manhã algo absolutamente inesperado aconteceu comigo na cozinha – algo que jamais pensei vivenciar, mas que desde então não sai da minha cabeça. Tudo começou de forma totalmente corriqueira.
Eu ia preparar o café da manhã, como sempre faço, e liguei a fritadeira elétrica, que aqui em casa já virou parte da rotina diária.
Nem prestei muita atenção nela, afinal, estava acostumada com o funcionamento confiável do aparelho.
Mas bastaram alguns minutos e um cheiro estranho invadiu o ambiente. Não era propriamente fumaça — era um odor de gordura queimada, intenso e suspeito.
Aproximei-me do balcão e, para meu horror, vi algo que ainda hoje me arrepia: dentro do equipamento, havia chamas. Sim, estava literalmente pegando fogo.
Não era vapor, nem superaquecimento comum — era incêndio. Fiquei paralisada por um segundo, mas reagi no instinto.
Corri para tirar o plugue da tomada e, com um pano de prato úmido, tentei abafar o fogo o mais rápido possível.
Consegui controlar as chamas a tempo, e nada se alastrou, mas o que mais me assustou foi pensar no que teria acontecido se eu tivesse saído da cozinha por apenas dois minutos.
Ou se alguém estivesse dormindo, ou se eu estivesse fora. O desastre seria inevitável.
Quando o susto passou e minhas mãos pararam de tremer, fui investigar o que poderia ter provocado aquilo. Não era defeito técnico, nem curto-circuito. Nenhum problema elétrico.
A resposta era tão simples quanto alarmante: havia gordura acumulada e restos de comida carbonizados nas partes internas — no fundo da bandeja e ao redor da resistência térmica.
Pequenos resíduos deixados ali após vários usos, que eu havia prometido limpar “depois”.
Todos nós já dissemos isso: “Depois eu limpo”, “Agora não dá tempo”, ou “Aguenta mais uma vez”. Pois bem, essa “mais uma vez” quase custou muito caro.
Essa situação me fez refletir profundamente. Por mais moderna e eficiente que uma tecnologia seja, ela exige atenção e manutenção humana.
E muitas vezes são justamente os detalhes mais óbvios que negligenciamos.
E é aí que mora o perigo: distrações, pressa ou preguiça podem facilmente se transformar em riscos reais. Quando não estamos por perto, uma pequena falha pode se tornar um grande acidente.
E se não bastasse, lembrei que dias atrás usei papel manteiga dentro da fritadeira.
Recortei um pedaço manualmente, que provavelmente não se encaixava direito.
Talvez isso tenha contribuído para prejudicar a circulação de ar quente, elevando demais a temperatura perto da resistência e criando as condições para o fogo.
Depois disso, fui pesquisar, e descobri que o uso incorreto de papel manteiga — especialmente quando solto ou mal posicionado — pode sim causar incêndios em fritadeiras de ar.
A partir desse episódio, mudei radicalmente minha maneira de usar esses aparelhos.
Agora não apenas presto atenção no que estou cozinhando, mas me certifico de que o equipamento esteja completamente limpo após cada utilização.
Também só utilizo acessórios aprovados pelo fabricante e nunca mais deixo o aparelho funcionando sozinho, mesmo por poucos minutos.
Outra mudança: espero ele esfriar totalmente antes de guardar. Antes, às vezes colocava no armário ainda morno, só para deixar a cozinha em ordem. Hoje sei que isso não é seguro.
Esse pequeno incidente — que, felizmente, terminou bem — foi uma lição valiosa para mim.
Aprendi a não tomar nada como garantido. A ser mais cautelosa, mais presente, e a prestar atenção nos mínimos sinais que podem indicar algo maior por vir.
Às vezes, basta uma camada de gordura esquecida para iniciar um incêndio. E, em certos momentos, a diferença entre um susto e uma tragédia é apenas um pano úmido e uma ação rápida.