A Mina de Sal de Praid, um dos tesouros naturais mais valiosos da Transilvânia, enfrentou nas últimas semanas uma ameaça grave e sem precedentes.
Os dias foram marcados por tensão e medo entre os moradores da região, enquanto a instabilidade subterrânea aumentava, forçando dezenas de famílias a abandonarem suas casas.
Em meio à crise, o secretário de Estado do Ministério do Interior, Raed Arafat, esteve pessoalmente no local e trouxe atualizações que – embora cautelosamente esperançosas – indicam uma batalha longa pela frente.
Por ora, o retorno dos residentes ainda não é viável. O maior risco atual vem da chamada atividade micro-sísmica, ou seja, pequenos tremores constantes do solo.
Embora imperceptíveis à superfície, esses movimentos podem provocar sérios danos estruturais nas profundezas da terra.
Especialistas concordam que será necessário um período mínimo de dois a três meses de monitoramento contínuo e análises para garantir com responsabilidade que os habitantes possam regressar com segurança.
Enquanto isso, intervenções intensas seguem em andamento na área.
Um dos fatores mais críticos é a água – especialmente o riacho Korond, que há anos desgasta as camadas de solo abaixo do complexo de túneis.
Para conter essa erosão, foram erguidas duas novas barragens protetoras no trecho superior do riacho, com o objetivo de desacelerar o fluxo e evitar mais afundamentos e prejuízos.
Simultaneamente, reduzir o teor de sal no curso d’água também se tornou prioridade, já que sua alta concentração representa riscos ambientais e sanitários significativos.
Arafat informou que essas novas estruturas já trouxeram melhorias perceptíveis.
A salinidade do rio Kis-Küküllő diminuiu de forma notável, o que representa alívio principalmente para os criadores de animais, pois a água para consumo animal deixou de ser uma ameaça.
Contudo, para a população humana a solução ainda está longe: a água potável segura só pode ser obtida em 48 pontos específicos, atendendo cerca de 39 mil pessoas afetadas.
As autoridades locais continuam trabalhando diariamente para instalar novos pontos de abastecimento, mas a distribuição segue sob forte pressão e aquém do ideal.
Apesar da tragédia, os moradores não perderam a esperança. As famílias deslocadas aguardam com paciência, cheias de fé e tentando reorganizar suas rotinas.
O governo também voltou sua atenção com maior intensidade à região: foram destinados fundos especiais, e geólogos e engenheiros foram mobilizados para acompanhar constantemente os tremores,
o nível da água e o estado da mina.
Preservar a Mina de Sal de Praid não é apenas uma questão econômica. Este lugar é símbolo da região, um pilar da identidade local e do turismo.
Recebe anualmente mais de meio milhão de visitantes, sendo um local de clima terapêutico e importância histórica, com valor transmitido de geração em geração.
Se for salva, não será apenas uma vitória técnica e ecológica, mas também um triunfo emocional para toda a comunidade.
Na coletiva de imprensa, Raed Arafat deixou claro: a salvação é possível, mas exige perseverança e união.
Nas palavras dele: “Não vamos parar. Ainda não perdemos a mina.”
Os moradores locais – mesmo cansados e abalados – agora voltam a acreditar. Porque, mesmo com o chão abalado sob seus pés, sua fé, solidariedade e força podem superar qualquer rachadura.
A história da Mina de Sal de Praid ainda não chegou ao fim – talvez este seja apenas o início de sua reconstrução, e junto com ela, o renascimento de toda uma comunidade.