Já teve um voo tão arruinado por alguém que, mesmo semanas depois, ainda dava vontade de revirar os olhos? Pois eu tive.
Foram 14 horas de um trajeto intercontinental que, em vez de ser uma tranquila jornada de volta pra casa, virou uma mistura de constrangimento,
irritação e, no fim, uma doce vingança — tudo por culpa de um casal recém-casado que achou que o avião era sua suíte nupcial nas nuvens.
Meu nome é Toby, tenho 35 anos, e depois de muito tempo fora, só queria abraçar minha esposa e meu filho de novo. Por isso, investi em uma poltrona na classe econômica premium: mais espaço, mais sossego, mais conforto.
Até que apareceu o Dave.
Sentou-se ao meu lado com um sorriso largo e já lançou o pedido: “Cara, será que dá pra trocar de lugar com minha esposa? Acabamos de casar…” A esposa, Lia, estava enfiada lá atrás, no meio da multidão da classe econômica.
Apesar de entender o apelo, eu não queria abrir mão do assento pelo qual tinha desembolsado mais de mil dólares australianos.
Fiz uma proposta justa: se ele cobrisse a diferença do upgrade, toparia trocar. Dave fechou a cara na hora. “Sério isso?” – resmungou com desprezo.
“Seríssimo” – respondi, enquanto recolocava os fones. Mal sabia eu que tinha acabado de declarar guerra em pleno ar.
A partir daí, Dave iniciou sua missão: arruinar minha viagem. Tosses teatrais. Filme de ação no tablet, no volume máximo e sem fone.
Migalhas de pretzel caindo não só no assento, mas direto em mim. Até que Lia apareceu, se jogou no colo dele e começou a palhaçada — risadinhas, cochichos, gemidos sugestivos.
Pensei que tinha entrado num filme romântico de baixo orçamento, só que sem qualquer graça.
Uma hora depois, perdi a paciência. Chamei a comissária e relatei todos os absurdos: barulho, falta de respeito, troca de assentos sem permissão.
A resposta foi rápida. Lia foi mandada de volta pro assento dela, e Dave, após descobrirem que o assento dele era só um favor da companhia, também foi despachado — literalmente — pra classe econômica.
Ouvi aplausos discretos, gente balançando a cabeça em aprovação. A comissária voltou com uma bebida: “Cortesia da casa — obrigada pela sua paciência.”
Mais tarde, durante uma turbulência, ouvi um grito abafado vindo do fundo. Pelo visto, Dave derramou a bebida nele mesmo. Apenas ergui meu copo e murmurei: “Saúde, karma.”
No final do voo, teve mais um episódio. Lia, em desespero, quis correr pro banheiro. A comissária interveio: “Assentos agora, por favor.” Sem exceções.
Ao pousarmos, Dave e Lia andavam cabisbaixos, evitando olhares. Passei por eles, parei brevemente e disse: “Espero que tenham aprendido alguma coisa. Boa lua de mel.”
Dave ficou vermelho como a luz de emergência do avião.
Logo depois, vi minha família no terminal. Meu filho correu pra mim, minha esposa sorria. Toda irritação evaporou. Eu estava em casa — e isso era tudo o que importava.