Quando alguém se aproxima do último estágio da vida, o corpo começa a desacelerar gradualmente até parar por completo.
Esse processo pode ter início meses antes da morte, mas nas últimas 24 horas as mudanças se tornam mais intensas e visíveis para os familiares.
Uma das manifestações mais conhecidas e ao mesmo tempo angustiantes nesse período é o som chamado de “gargarejo da morte”.
Esse ruído estranho e preocupante surge quando a pessoa que está morrendo perde a capacidade de engolir a saliva e outras secreções, que então se acumulam na parte de trás da garganta e nas vias respiratórias.
A respiração passa por alterações, frequentemente acompanhada por um som úmido, borbulhante e áspero a cada inspiração e expiração.
Apesar de assustador, é importante entender que quem está morrendo não sente dor ou desconforto por causa desse ruído. É uma reação natural do corpo ao processo de finitude.
Profissionais de cuidados paliativos observam que, nessa fase, a febre é comum, pois o organismo já não consegue mais regular a temperatura corporal.
O corpo pode apresentar variações térmicas, a pele pode ficar avermelhada ou fria — tudo faz parte dessa etapa natural do processo de morrer.
Após o surgimento do gargarejo, o tempo médio que resta costuma ser de cerca de vinte e quatro horas.
Esse período pode variar, sendo mais longo para quem recebe cuidados em casa do que para pacientes hospitalizados.
Embora não seja possível eliminar completamente o som, existem técnicas para reduzir sua intensidade e aliviar o desconforto de quem está por perto.
Colocar a pessoa de lado ajuda na drenagem das secreções, assim como elevar levemente a cabeça para facilitar a respiração.
Umedecer a boca com um cotonete úmido traz conforto, e quando necessário, pode-se usar aspiração para retirar o excesso de secreções.
Controlar a ingestão de líquidos também contribui, pois o excesso pode aumentar a produção de saliva.
Medicamentos específicos indicados por profissionais de saúde podem diminuir o volume das secreções.
É fundamental que os familiares compreendam que, apesar de inquietante, o som não representa sofrimento. Essa é uma etapa silenciosa e profunda do adeus.
Ao encarar esse momento com atenção, presença e afeto, é possível oferecer uma passagem tranquila para quem se vai, e encontrar serenidade para si mesmo diante dessa despedida tão delicada.