„Ela sussurrou ‘por favor me salve’ O policial pediu ajuda imediata”

ENTRETENIMENTO

Lívia, a capitã, saiu lentamente do carro da polícia enquanto a chuva de primavera caía quase silenciosamente sobre a calçada. A Rua Aranyhegyi, naquela manhã, estava praticamente deserta – silenciosa demais.

As casas permaneciam sombrias, como se cada uma guardasse um segredo, e apenas algumas janelas exalavam uma fraca luz.

A luz âmbar das lâmpadas de rua refletia nos calçadões úmidos e brilhantes, como se fossem as últimas memórias da noite, desaparecendo suavemente.

Sándor, o veterano detetive, prestes a se aposentar, mas ainda visivelmente cansado, fechou o carro com um grunhido. Enquanto examinava as anotações em suas mãos, disse:

– Chegamos. Um transeunte viu a garotinha às quatro da manhã. Ela subia sozinha pela colina.

Lívia franziu a testa, incrédula, enquanto se dirigiam para o banco cercado por fitas da polícia.

– Sozinha? A essa hora? – perguntou, observando a menina que estava sentada no banco, envolta pela escuridão da noite.

A menina, com uma figura frágil, parecia ter apenas oito anos.

Suas roupas estavam encharcadas, grudadas em seu corpo, e o cabelo caía desordenadamente sobre o rosto. Seu olhar… vazio, como se tivesse visto demais para continuar sendo uma criança.

Dois policiais estavam ao seu lado, um deles tentando oferecer-lhe uma bebida quente, mas a menina não chorava. Ela apenas olhava para o nada, com os olhos vazios.

Lívia se aproximou e se agachou lentamente diante da garotinha.

– Oi, pequena. Meu nome é Lívia. Sou policial. Pode me dizer como você se chama? – perguntou suavemente, tentando transmitir segurança.

A menina tremeu, e então sussurrou, quase inaudível:

– Erika.

– Que nome bonito. Você sabe onde está?

A menina pensou por um momento, e com voz trêmula respondeu:

– Aqui… eu voltei. Mas não sei como… – Seus olhos piscaram, e ela parou por um instante. – Não queria… fiquei lá embaixo. No escuro.

Sándor cruzou os braços e se aproximou deles.

– Você lembra de onde veio? Onde fica a casa onde estava?

Erika levantou lentamente os olhos, e um medo profundo refletia neles, um tipo de medo que jamais deveria estar nos olhos de uma criança: não apenas pavor, mas algo muito mais profundo, mais sombrio.

Algo que ela não conseguia expressar em palavras.

– A casa está na colina. Onde a senhora mora. A que não se move. A que observa.

Lívia e Sándor trocaram um olhar rápido, e por um momento, um calafrio percorreu suas espinhas.

– Que senhora? – perguntou Lívia, tentando conter o medo que começava a surgir.

– Ela não fala. Só sussurra. Mas não com a boca. Fala dentro da minha cabeça. Quando estamos no porão. Com os outros. – A voz de Erika vacilava, e ela mal conseguia falar. – E sempre diz: não conte a ninguém.

O ar parecia ter congelado enquanto essas palavras saíam dos lábios da menina. Ao fundo, o som das sirenes cortava a noite silenciosa, como se um novo pesadelo estivesse prestes a começar.

Alguém na casa vizinha estava observando-os pela janela, mas quando Sándor olhou para cima, a cortina foi lentamente puxada, como se a pessoa observadora tivesse se escondido.

– Isso está indo por um caminho muito errado – murmurou Sándor. – Essa criança… ela não está mentindo. Seus olhos dizem tudo.

Lívia assentiu e tomou uma decisão firme:

– Vamos levar a garota para a delegacia e investigar essa casa. Agora.

Erika se agarrou ao braço de Lívia quando ela a pegou no colo. A menina estava gelada, como se tivesse se congelado. E havia algo mais – um sussurro estranho, que não vinha dela. Como se alguém mais estivesse ali, no ar.

Enquanto estavam no banco de trás do carro, a criança falou novamente:

– Não voltem para lá. Lá embaixo… ainda estão lá.

Lívia sentiu um arrepio e percebeu que algo sombrio estava se revelando diante deles.

As palavras suaves e assustadoras de Erika acenderam uma nova pista:

– Os outros. Aqueles que não conseguem ir embora. Aqueles que já não lembram mais de seus nomes.

Na delegacia, à luz suave dos fluorescentes e o zumbido das lâmpadas de néon, um pressentimento ruim os acompanhava.

Erika estava sentada na sala de interrogatório, envolta em um cobertor, enquanto uma psicóloga tentava acalmá-la. Mas o olhar da menina não revelava nada.

Ela apenas apertava a xícara de chá com as mãos, como se fosse a única coisa que a mantivesse ancorada na realidade.

Lívia observava pela janela, enquanto Sándor entrou, segurando um mapa.

– Encontramos a casa. No topo da colina, à beira da floresta.

O edifício estava vazio por fora, e os vizinhos disseram que ninguém morava lá há anos. Mas, ouça, quatro testemunhas diferentes viram uma mulher idosa na janela nas últimas duas semanas.

Os olhos de Lívia brilharam ao olhar para o mapa, mas algo ainda parecia muito mais errado.

– E se não foi aqui que tudo aconteceu? E se Erika não fugiu agora? E se ela desapareceu há anos e agora… voltou?

Sándor ficou pensativo por um momento.

– Como se tivesse escapado de uma prisão?

– Ou algo muito, muito pior.

Durante a busca pela casa, ao se aproximarem do porão, encontraram uma porta estranha que parecia levar a outro mundo. Atrás da porta, uma cena misteriosa começou a se desenrolar.

Era como se algo tivesse acontecido que transcende o tempo e o espaço. A porta se abriu lentamente, e atrás dela estava uma mulher idosa, que disse:

– Não era para terem trazido ela de volta. A Erika já me pertence.

A mulher sorriu e desapareceu na escuridão, enquanto as sombras das crianças também sumiam sem deixar rastro.

Mais tarde, três semanas depois, Erika brincava no pátio do orfanato, mas algo estava estranho nela. Ela sempre balançava da mesma forma, como se não estivesse no presente, mas em outro mundo.

Lívia foi visitá-la, mas depois de cada visita sentia que Erika já não pertencia a ela. Nos olhos da menina, alguém diferente olhava de volta, alguém que vivia por trás das paredes.

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