Mr. Adams morava em uma pequena casa de dois cômodos, que já era seu lar há muitos anos.
Sua esposa havia falecido há alguns anos e seus filhos moravam distante, do outro lado da cidade, fazendo com que o homem se sentisse frequentemente sozinho.
Embora os vizinhos fossem pessoas amáveis e prestativas, recentemente uma jovem família havia se mudado, pois precisavam de mais espaço para acomodar o crescimento de seus filhos.
Mr. Adams lhes desejou o melhor e esperava que os próximos inquilinos fossem tão amigáveis quanto eles. No entanto, suas orações não foram atendidas.
Logo, um grupo de jovens universitários se mudou para a casa vaga. Os novos vizinhos tinham apenas dezoito anos, e em um piscar de olhos, a festa começou.
Música alta, jovens gritando e risadas estrondosas preencheram o ar. Mr. Adams tentou acreditar que aquilo fosse apenas um evento pontual, mas logo percebeu que estava enganado.
Na primeira noite, a festa durou até o amanhecer, com a música só se apagando por volta das cinco da manhã.
Na manhã seguinte, Mr. Adams estava no jardim regando suas plantas quando se questionava se seria correto fazer uma denúncia à Associação de Moradores.
Foi então que percebeu que sua vizinha, Linda Shaw, se aproximava dele. Linda, que também tinha dois filhos pequenos, estava visivelmente cansada pela falta de sono provocada pelo barulho da noite anterior.
– Bom dia, Mr. Adams! – saudou Linda com um sorriso.
– Bom dia, Linda. Como foi a noite para você? – perguntou Mr. Adams, tentando ser educado.
– Foi terrível. As crianças acordaram às duas da manhã e só voltaram a dormir depois das cinco, quando finalmente a música parou.
Nunca tivemos problemas assim por aqui – respondeu Linda, compartilhando a frustração com o barulho insuportável.
– Eu entendo perfeitamente o que você está dizendo – assentiu Mr. Adams. – Também foi um pesadelo para mim. Mas não sabia se era apropriado chamar a polícia.
– Eu quase fiz isso – disse Linda – mas não queria causar um grande problema por conta de uma festa de inauguração.
– Você acha que a associação pode nos ajudar? – perguntou Mr. Adams.
– Talvez. Mas é estranho que jovens como eles tenham se mudado para cá. Talvez tenham contatos que os ajudem – respondeu Linda.
– De qualquer forma, preciso ir. Tenho muitas coisas para fazer, mas talvez consiga descansar um pouco antes de buscar as crianças.
Mr. Adams ficou sozinho e decidiu que, se os jovens continuassem a perturbar a todos, ele iria falar com eles pessoalmente. Pensou que talvez o barulho fosse algo ocasional, mas estava enganado.
Naquela mesma noite, a festa recomeçou com força total. Mr. Adams, já sem paciência, decidiu ir até lá e falar diretamente com os jovens.
Ele caminhou até a casa vizinha e bateu à porta. Um jovem atendeu, com uma expressão de desdém.
– Oi? Posso ajudar em alguma coisa? – perguntou o garoto, exibindo um sorriso desdenhoso.
– Jovem, você mora aqui? – perguntou Mr. Adams.
– Sim. E você quem é? – respondeu o garoto, sem demonstrar interesse.
– Eu sou seu vizinho. Por favor, abaixem o volume da música. Aqui é um bairro tranquilo, com muitas famílias e idosos – tentou explicar Mr. Adams, com educação.
– E daí? Eu pago o aluguel como qualquer outro – respondeu o garoto, com total indiferença. – Eu escuto a música que eu quiser.
– Acredite, se vocês não pararem, vou chamar a polícia – disse Mr. Adams, tentando manter a calma, mas já perdendo a paciência.
– Pode chamar! Meu pai é o chefe de polícia. Ninguém vai fazer nada – zombou o garoto. – Agora, desapareça, velho! Essa festa não é para um cara como você. Se não gosta da música, se mude para um asilo!
O garoto bateu a porta na cara de Mr. Adams, que ficou paralisado, surpreso com tamanha falta de respeito.
Será que o rapaz realmente estava dizendo a verdade sobre seu pai ser o chefe de polícia? Será que alguém iria ouvir sua queixa?
Logo ficou claro que o que o garoto dissera tinha fundamento. A polícia não apareceu, e os jovens continuaram a perturbar a vizinhança até as quatro da manhã.
Na manhã seguinte, Mr. Adams foi até a casa de Linda para ver se havia alguma forma de resolver a situação.
– Linda, você sabe de alguma maneira de fazer uma denúncia à associação sobre esses jovens? – perguntou ele, exausto.
– Perguntei para algumas pessoas. Conversei com a senhora Lowry, que conhece todo mundo por aqui. Ela disse que a mãe de um dos garotos é membro da associação – respondeu Linda.
– Isso é inacreditável. Um dos garotos me disse que o pai é o xerife e parece que ele estava falando a verdade. Depois que liguei para a polícia, ninguém apareceu – respondeu Mr. Adams, incrédulo.
– A senhora Lowry sugeriu que fizéssemos uma denúncia formal à câmara, com várias assinaturas. Muitas pessoas vão assinar, mas isso vai levar algum tempo – disse Linda.
– Meu marido também não conseguiu dormir e não sei quanto mais vamos aguentar isso.
– Vamos começar! Eu ajudo a recolher as assinaturas – sugeriu Mr. Adams, e foi para casa.
Infelizmente, parecia que os jovens pertenciam a famílias influentes, pois nem a associação nem a polícia tomaram qualquer atitude.
No entanto, Mr. Adams e Linda persistiram e conseguiram reunir as assinaturas necessárias, que foram entregues como parte da denúncia formal.
Agora, só restava esperar.
Os jovens continuaram a fazer festas todas as noites, e ninguém conseguia falar com eles. Em uma das noites, colocaram uma placa na porta: “HOJE NINGUÉM VAI DORMIR!” Uma clara provocação.
A situação só começou a mudar quando uma tempestade devastadora causou um curto-circuito nos equipamentos de som deles.
A música parou de repente, e Mr. Adams não pôde deixar de sorrir, sentindo que, finalmente, a natureza havia feito justiça.
Quando a polícia finalmente interveio, os jovens não puderam mais continuar com as festas barulhentas, e a tranquilidade voltou ao bairro.
Mr. Adams e seus vizinhos retornaram à sua vida pacata e serena.
A lição dessa história é clara: devemos respeitar os mais velhos e não abusar de nosso poder. No final, foi a paciência e a perseverança que prevaleceram.