«Volta para aquele barraco fedido!» – riu meu marido, enquanto a mãe dele balançava a cabeça satisfeita ao lado.
Eu estava parada na porta, com a mochila nas costas… e pela primeira vez na vida, não chorei.
Só disse:
– Tudo bem. Mas não se surpreendam se a pessoa que vocês estão expulsando hoje nunca mais voltar.
E me virei.
Três semanas atrás, eu estava lá na cozinha, mexendo o molho de cebola, olhando de vez em quando para o relógio: Máté deveria chegar em meia hora – ele odiava se a comida esfriasse.
Antigamente, eu cozinhava com amor.
Brincava com os sabores, decorava os pratos, sempre tentando surpreendê-lo.
Agora, isso se tornara só mais uma obrigação. Como a limpeza. A lavanderia. Ou o silêncio quando a mãe dele nos visitava.
A porta se fechou mais rápido do que o normal.
Eu me assustei. Apressei-me a secar as mãos e saí para o corredor.
– Chegou, Máté? A janta fica pronta em dez minutos – disse rapidamente.
– Não vim sozinho – respondeu ele, enquanto tirava os sapatos.
Atrás dele, apareceu a Bözsi mama – a mãe dele.
– Boa noite, Bözsi mama – tentei ser educada. – Estou cozinhando.
– De novo molho de cebola? – ela fez uma careta ao me examinar com aquele olhar crítico. – Quantas vezes vou ter que te dizer que a cebola tem que dourar, não queimar? Assim fica amarga!
Não respondi.
A cebola estava perfeita. Mas discutir com ela era como gritar com a água.
– Ah, mãe, deixa de ser chata – Máté fez um gesto com a mão, enquanto se jogava na cadeira. – No fim das contas, ela cozinha e nos alimenta, isso é o que importa.
– E esse é o problema! Ela só «alimenta» a gente! Uma jovem deveria cozinhar de um jeito que o homem queira lamber os dedos! Quando eu era jovem, toda a rua invejava a minha comida!
Já tinha aprendido que, nesses casos, era melhor desligar os ouvidos.
Cinco anos de casamento já não doíam mais.
Só eram cansativos.
O meu celular vibrou na mesa.
Eu estava quase pegando, mas Máté foi mais rápido.
– Estão ligando de Berettyóújfalu – disse ele, com uma voz sem emoção. – Provavelmente é sobre a casa da sua avó de novo.
Meu coração apertou.
Faziam apenas três semanas desde a morte de Zsóka mama – a única pessoa que alguma vez me amou incondicionalmente.
Cada ligação vinda de lá ainda me cortava.
– Alô? – falei, com a voz fraca.
Do outro lado, ouvi a voz de Katica néni, a vizinha – calorosa, mas firme:
– Querida, já está na hora de vir. Tem alguns papéis para assinar… a casa, o jardim, as macieiras, o riacho – não deixe tudo se perder.
– Sim, eu vou no fim de semana – respondi.
Desliguei o telefone… e algo se moveu dentro de mim.
Algo estranho, silencioso, mas decidido.
– De novo sobre aquele barraco? – perguntou Máté, com a boca cheia. – Vende logo, enquanto alguém ainda quiser pagar por ele. Só vai te dar dor de cabeça.
– Não quero vender – disse calmamente, mas com firmeza. – É uma lembrança. Era da minha avó.
– Ah, lá vem você com essa sentimentalidade! – riu Bözsi mama. – Aquele barraco de barro e palha no meio do nada, sem eletricidade, sem gás!
– Mas tem um pátio com macieiras – sussurrei. – Minha avó sempre se orgulhou disso.
– Ah, então você vai dizer que vai se mudar para lá! – Bözsi mama soltou uma gargalhada. – Para aquele canto mofado! Parabéns!
Nas semanas seguintes, eu corri de um lugar para outro.
Tirei férias, fui ao notário, à prefeitura, a diversos escritórios públicos.
Máté não ligava.
Só reclamava todas as noites quando eu chegava em casa, cansada:
– E lá foi você de novo, onde andou o dia todo? As camisas estão todas amassadas, e a comida não está pronta!
– Eu te disse que estou resolvendo a herança – sussurrei.
– Herança?! Um buraco no fim do mundo? Vende logo, e esquece isso!
Mas eu já não conseguia esquecer.
\[ ]
A casa onde cresci me chamava.
E eu ouvi o chamado.
Quando finalmente segurei o título de propriedade nas mãos, senti uma leveza que é difícil descrever.
Preparei um jantar especial, comprei uma garrafa de vinho tinto e coloquei os papéis no centro da mesa.
Máté chegou tarde.
– Agora é oficialmente minha – disse sorrindo.
Ele bufou:
– Pelo menos agora você tem para onde fugir, quando tudo aqui desmoronar.
– Como? – perguntei, sem entender.
– Se não gosta de como vivemos aqui, vai embora para o seu barraco, pega suas coisas e põe um lenço na cabeça, como nas histórias, e vai para lá. Quero ver o que vai achar!
Essa noite eu nunca mais vou esquecer.
Porque naquele momento… algo quebrou de vez dentro de mim.
Não chorei.
Não gritei.
Não joguei nada.
Fiquei ali, em silêncio, ouvindo as palavras dele reverberando na minha cabeça. E pensei: «Isso já não é vida. Isso é sobrevivência. Dia após dia.»
Foi só tarde da noite que eu comecei a fazer as malas.
Não levei muito: uma mochila. Algumas roupas. Uma foto antiga de Zsóka mama. E o título da casa – a que todos chamavam de «o barraco em ruínas».
E então, eu fui embora.
Não olhei para trás.
Nem mesmo quando cheguei ao portão e ele gritou:
– Se você sair por essa porta, sem mim você não será nada!
Eu quase podia ouvir as palavras dele batendo nas minhas costas.
Mas eu só continuei.
Caminhei até a rua, respirei profundamente o ar frio da noite…
… e pela primeira vez em muito tempo, me senti viva.
Caminhei até o ponto de ônibus. Lá, com as mãos tremendo, peguei o celular.
Só havia um número em que eu ainda confiava.
– Alô? – a voz de Katica néni respondeu do outro lado.
– Sou eu… Posso dormir aí hoje à noite? – sussurrei.
– Claro, minha querida. Já estou indo te buscar.
Peguei o primeiro ônibus noturno.
Encostei minha testa na janela, observando as luzes da rua se transformarem em uma linha tênue e embaçada.
Cada parada me afastava daquele lugar onde há muito tempo eu havia esquecido quem eu era.
Mais afastada daquele lar onde, por anos, fui diminuindo cada vez mais.
Katica néni estava fazendo chá quando cheguei. Ela não disse uma palavra.
Não me fez perguntas. Não me culpou. Ela estava lá. No momento exato, onde eu precisava.
No dia seguinte, fui até a casa de Zsóka mama.
O portão rangeu, como uma memória antiga e dolorosa.
O jardim estava coberto de ervas daninhas, o telhado estava caído, e o reboco estava desmoronando em alguns pontos.
Mas, quando entrei, um cheiro familiar e antigo me envolveu: a terra úmida, as maçãs maduras e o cheiro do passado.
Foi aqui que cresci.
Foi aqui que eu senti que me amavam.
Caminhei pelos quartos. Passei a mão pelas paredes rachadas. O velho lenço de Zsóka mama ainda estava na cama.
Foi ali e naquele momento que eu soube: eu não quero continuar apenas sobrevivendo.
Eu quero viver.
No dia seguinte, escrevi uma lista.
– Reparação do telhado – escrevi no topo.
– Fortalecimento da fundação.
– Limpeza do jardim.
Eu tinha pouco dinheiro.
Mas eu tinha tempo.
E o mais importante: eu tinha uma nova força dentro de mim. Uma determinação.
No terceiro dia, meu telefone tocou.
Era Máté.
Atendi. Silêncio. E então, a voz familiar, cheia de desprezo:
– Já terminou com essa histeria? Quando volta para casa? Eu te perdoo.
Não sei por que minha voz não tremeu.
Não sei por que aquilo não me doeu mais.
Talvez porque finalmente eu soubesse quem eu era.
– Não volto, Máté – disse calmamente. – Nunca mais.
Desliguei.
Não liguei de volta.
Não respondi as mensagens dele.
Todas as noites, quando voltava para o barraco, olhava pela janela e via o sol se pôr atrás das macieiras velhas, eu sentia:
Eu não havia perdido nada.
Eu havia recuperado tudo o que já tinha perdido: minha paz, minha autoestima, minhas memórias… e a mim mesma.
Os dias passaram rapidamente.
Cada dia trouxe uma pequena conquista: uma pintura, um monte de mato retirado, algumas telhas novas no telhado.
Fiz tudo sozinha.
E, ainda assim… pela primeira vez, eu não estava realmente sozinha.
Porque Zsóka mama estava comigo, na minha memória. Sua voz na minha cabeça, dizendo: «Querida, você sempre pode mais do que acredita.»
E Katica néni estava comigo, trazendo sopa quente uma vez por semana, dizendo apenas: «Não precisa fazer tudo sozinha.»
E havia o silêncio.
O silêncio agradável e pacífico. Onde eu não precisava temer palavras ríspidas, olhares críticos ou a pressão do que os outros achavam que eu «deveria» fazer.
Uma noite, enquanto eu estava sentada na varanda, saboreando uma xícara de chá de sabugueiro, um carro parou diante do portão.
A pessoa desceu, veio até o portão e começou a gritar:
– Já chega dessa encenação, entendeu?! Isso não é vida! Olhe ao redor! Veja você mesma! Esse lixo não é digno de você!
Fui até o portão.
Fiquei em silêncio, olhando para ele. Eu não tinha mais medo dele. O olhar dele se franziu, surpreso.
Talvez pela primeira vez ele realmente me viu.
– Você tem razão – respondi. – Essa casa pequena não é digna da mulher que eu costumava ser.
Então sorri.
– Mas é digna da mulher que eu sou agora.
Máté recuou um passo, confuso.
– Você… você realmente não vai voltar?
– Não – disse. – E isso não é algo que você precise entender.
Voltei para a casa, fechei a porta atrás de mim, e nunca mais a abri para ele.
Eu não precisava mais de permissão, validação ou explicações.
Bastava o que eu sentia dentro de mim.
Os meses passaram.
O telhado estava reformado, o jardim floresceu. Eu aprendi a plantar, pintar, reparar o telhado. As pessoas da vila começaram a me cumprimentar como conhecida.
E eu finalmente me tornei conhecida para mim mesma.
Um ano depois de ter deixado Máté e a dor para trás, a casa não era mais apenas habitável – ela era um lar.
O fogo crepitava na lareira, as macieiras floresciam no pátio.
E todas as noites, quando me sentava na varanda, olhando as estrelas, eu apenas dizia para mim mesma:
«Eu voltei para casa.»