«Você não tem talento!» – As palavras que mudaram tudo na minha vida!

ENTRETENIMENTO

«Por que você não procura um trabalho de verdade?» – perguntou Ricsi, enquanto seus olhos passavam rapidamente pela tela do laptop. Klára, sentada atrás dele, ergueu o copo e tomou um gole profundo de vinho.

– O que mais eu poderia fazer, Ricsi? – respondeu calmamente, com uma leve ironia na voz.

– Eu sou forçado a fechar os olhos toda vez que ouço alguém oferecer ajuda… – olhou nos olhos dele, mas seu olhar ficou fixo na mesa.

Ricsi, por um momento, levantou os olhos, não que realmente se importasse com o que ela estava dizendo, mas parecia que algo o incomodava.

– Você não trabalha porque deve tudo a mim, Klára! – bufou. – E, sinceramente, não acho que alguém precise das suas músicas ou dessas bobagens que você faz!

– Eu… – Klára apertou o copo com mais força, mas não continuou, apenas suspirou e perdeu o olhar na borda da mesa. O silêncio, que ela já estava acostumada a suportar, agora parecia insuportável.

Mark, o chefe de Ricsi, a observava distraidamente, e com um sorriso discreto, falou:

– Que pena… Eu realmente pensei que alguém como você poderia trazer algo realmente bonito para a música!

Klára observou o sorriso, mas não disse nada. Então, uma voz feminina, de uma das novas conhecidas, se fez ouvir, com curiosidade em seu tom:

– Você vai tocar algo? Seria tão bom se você desse um pequeno concerto para animar o ambiente!

Todos olharam para ela, e o peso da atenção a fez sentir-se momentaneamente esmagada. Contudo, ao olhar para os olhares curiosos, levantou-se com um suspiro baixo e se dirigiu ao piano.

A sensação das teclas familiares voltou rapidamente, como se seus dedos soubessem o que fazer instantaneamente.

Os sons começaram a fluir, uma composição própria, que ela não tocava há anos. A melodia era suave, mas ao mesmo tempo forte – sentia como se o espaço fosse preenchido por ela.

O ambiente se silenciou, a música se espalhou e todos ao redor começaram a desacelerar, ouvindo atentamente.

Klára continuou a tocar, cada vez mais imersa na música. Não havia mais nada, só ela, as teclas e a sensação da liberdade esquecida.

Quando a peça terminou, o silêncio tomou conta de tudo. Depois, uma onda de aplausos preencheu o ar, e a atmosfera parecia ter mudado subitamente.

Mark, que até então observava sem dizer nada, levantou-se, e por um momento parecia ter tido uma ideia importante.

– Agora eu vejo… Alguém como você não é só a acompanhante do seu marido – disse em voz baixa, passando ao lado de Ricsi. – Você realmente tem talento.

A casa ficou em silêncio depois que todos partiram. Ricsi, que até então tentava esconder seus sentimentos, agora se aproximou de Klára com raiva.

– Por que fez isso?! Por que tem que sempre me humilhar?! – gritou, com o punho fechado.

Klára, no entanto, respondeu de forma tranquila, quase fatigada.

– Eu não queria te humilhar. Eu só fui eu mesma.

Ricsi ficou em silêncio, mas ainda parecia não entender o que havia acontecido. Klára, finalmente, virou-se para ele.

– Agora eu vou embora – disse suavemente, como se já tivesse que fazer isso há muito tempo.

Ricsi olhou para ela, com raiva e decepção em seus olhos.

– E para onde você vai? O que vai fazer? – perguntou em tom baixo, tentando entender o que estava acontecendo.

– Eu tenho minha música – respondeu Klára calmamente. – E isso é o suficiente para mim.

Os meses passaram, e Klára morava em um pequeno quarto na casa de Zsanett, uma amiga violinista.

Todas as manhãs, acordava cedo e trabalhava em um pequeno estúdio de música para crianças, como acompanhante no piano.

Com o último dinheiro que tinha, comprou um piano público e começou a fazer pequenos concertos no centro da cidade.

Apesar de ter perdido muitas coisas, a música sempre esteve em seu coração. Estava sozinha, mas nunca se sentiu tão livre como naquele momento.

As coisas mudaram rapidamente quando um menino começou a dançar enquanto ela tocava no piano. Alguém tirou uma foto e o vídeo que postaram viralizou na internet. O nome de Klára espalhou-se por todo lugar.

Uma semana depois, um homem a ligou e a convidou para um concerto.

– Klára? Você é a garota que estava tocando no centro da cidade? Ficamos impressionados. Gostaríamos que você se apresentasse conosco!

Klára escutou com incredulidade, mas depois de uma breve pausa, respondeu:

– Sim, eu estarei lá.

No dia do concerto, toda a atenção do público estava voltada para ela. Quando se sentou ao piano e tocou sua própria peça, todos ficaram em silêncio.

A cada som, a cada acorde, ela sentia que estava realizando o que sempre sonhou: sua verdadeira liberdade.

Após o concerto, Klára deu um pequeno sorriso. Sua vida já não era mais a mesma, mas finalmente estava no lugar certo. Não estava mais à sombra de um homem.

Não estava mais conforme às expectativas de uma sociedade. Ela era quem sempre quis ser.

A vida de Klára tomou um novo rumo. Mais tarde, ela abriu seu próprio estúdio de música, ensinou jovens talentos e foi mais feliz do que jamais fora.

Anos depois, quando já era considerada a pianista mais famosa da cidade, uma figura familiar apareceu na plateia: Ricsi.

O homem estava elegante, como sempre, mas agora parecia diferente. Parou ao lado de Klára e, por um momento, a observou em silêncio.

– Você foi maravilhosa… – disse finalmente, mas sua voz estava diferente da de antes.

Klára olhou para ele por um instante e respondeu:

– Obrigada, Ricsi, mas agora estou seguindo outro caminho. Eu não estou mais buscando nada. Escolhi meu próprio caminho.

Ricsi se calou, e antes de dizer qualquer coisa, Klára já se virou para o piano.

A nova melodia começou a tocar, e enquanto seus dedos percorriam as teclas, ela sentiu como se o mundo se abrisse diante dela. Ela estava vivendo sua vida, finalmente livre.

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