O vento uivava, as janelas da casa batiam, e a chuva batia nas vidraças como se a própria natureza estivesse batendo à porta. Janosz acabara de acender a lâmpada de petróleo quando gritou em voz alta:
— Klara, alguém está batendo na porta!
Klara largou o tecido que estava enrolando junto à lareira e escutou atentamente o barulho.
A tempestade rugia, mas ao fundo se ouvia algo que não podia ser atribuído apenas ao vento ou a um galho caído.
Um som suave, quase desesperado, de batidas que só poderia ser ouvido por quem estivesse verdadeiramente atento.
— Talvez seja só o vento… — disse ela, incerta, enquanto Janosz já caminhava para a porta.
Mas quando Janosz abriu a porta, um vento gelado e impetuoso entrou, despejando gotas de água no limiar. Klara correu até lá, e parou congelada ao ver o que estava à sua frente.
Na varanda, à luz fraca da lâmpada, quatro crianças pequenas estavam tremendo, cada uma coberta com um cobertor grosso, como se fossem pequenos passarinhos precisando de abrigo.
— Senhor Deus… — sussurrou Klara, ajoelhando-se diante deles, como se tivesse encontrado um tesouro perdido. Seus rostos estavam assustados, mas também cansados.
Quatro crianças pequenas, duas meninas e dois meninos — talvez com quatro ou cinco anos, pequenas e magras, como se tivessem perdido tudo o que a infância poderia lhes oferecer.
— De onde eles podem ter vindo? — perguntou Janosz, enquanto se abaixava para pegar um pedaço de papel encharcado que estava no chão. — Tem um bilhete…
Ele abriu a ponta do papel molhado e leu, com o vento forte soprando: «Ajudem-nos… Não aguentamos mais…»
— Rápido, para dentro! — Klara já pegara um dos meninos nos braços, Janosz fez o mesmo com o outro, enquanto as duas meninas, cambaleando, seguiram para dentro.
Quando fecharam a porta, a casa se encheu imediatamente com o choro das crianças, o calor dos seus corpos, e o som inquieto de passos apressados.
Do andar de cima, Etel, mãe de Klara, desceu rapidamente, com o lenço caído de sua cabeça, e seu olhar cheio de preocupação.
— O que aconteceu? — perguntou, assustada.
— Mãe, ajuda! — implorou Klara, tentando tirar a roupa molhada do menino. — Temos que aquecê-los, alimentá-los, rápido!
Etel, sem fazer mais perguntas, imediatamente acendeu o fogo no fogão e foi até a panela de leite para aquecê-lo. Em poucos minutos, Zoli, o irmão de Klara, que estava dormindo na cabana ao lado, apareceu.
— De onde vem esse choro? — perguntou, ainda sonolento, mas quando viu as crianças tremendo, logo percebeu a gravidade da situação. — Meu Deus…
— Ajuda a pegar as roupas de bebê do baú — instruiu Etel. — Klara, dê-lhes leite, devagar, para não machucar o estômago deles!
As crianças beberam o leite morno, tremendo, e quando seus corpos começaram a aquecer, o choro foi se acalmando.
Já era madrugada quando as quatro crianças estavam dormindo tranquilamente, todas abraçadas na cama velha e espaçosa.
— Klara… essas crianças parecem ser um presente do destino — sussurrou Etel, quando tudo se acalmou. — Você e Janosz… tanto sofrimento…
Klara olhou para as crianças. Ao longo dos anos, ela havia sonhado tantas vezes em se tornar mãe.
Tantas vezes voltaram de clínicas com as mãos vazias e o coração partido, que agora, aqui, diante delas, ela quase não podia acreditar que isso estava realmente acontecendo.
— O que faremos com eles? — perguntou Janosz, em voz baixa, enquanto tocava suavemente o ombro de Klara.
— O quê? — disse Zoli, que sempre expressava sua opinião claramente nas decisões da família. — Isso é óbvio. Agora eles são parte de nossa família. Ponto.
— Mas a lei… os documentos… — tentou protestar Janosz, mas Zoli apenas acenou com a mão.
— Você tem um conhecido na prefeitura — indicou Zoli. — Amanhã você vai lá e resolve. Vamos dizer que são filhos de parentes distantes que ficaram órfãos. Vamos dar um jeito.
Klara os ouviu em silêncio, apenas se aproximou das crianças e começou a acariciar o cabelo de uma delas.
— Já pensei nos nomes deles — sussurrou. — Lili, Réka, Marci e Dénes.
Na quietude da noite, observando o sono tranquilo das crianças, uma nova esperança floresceu no coração de Klara.
Quatro vidas pequenas, quatro novos destinos, agora ligados aos seus, como finos fios de lã que se entrelaçam para formar uma corda forte.
Lá fora, o vento começou a diminuir, as gotas de chuva se tornaram mais espaçadas, e entre as nuvens, os primeiros raios de sol da manhã começaram a brilhar.
Klara e Janosz se olharam por um momento, quando Janosz se preparava para o carro de cavalos.
— Você consegue? — perguntou ele, em voz baixa.
— Não se preocupe, eu resolvo — Janosz assentiu, apertou a mão da esposa e subiu na carroça, partindo.
Janosz só voltou depois do anoitecer. Suas roupas estavam encharcadas, seu rosto cansado, mas quando entrou, colocou sobre a mesa uma pasta de documentos desgastada.
— Agora, oficialmente, são nossos filhos — declarou com orgulho. — Velhos conhecidos nos ajudaram, não foi fácil, mas conseguimos. Agora eles são legalmente parte de nossa família.
Etel fez o sinal da cruz e começou a preparar uma sopa quente.
Zoli, sem dizer uma palavra, colocou diante de Janosz um copo de aguardente fumegante e o apertou levemente no ombro. Sem palavras, mas naquele gesto havia tudo: respeito, orgulho, reconhecimento.
Klara sentou-se ao lado do berço, observando os rostos serenos das crianças. Durante tantos anos, ela carregou a dor da esterilidade como um espinho escondido.
Agora, vendo as crianças dormir tranquilamente e felizes, seus olhos se encheram de lágrimas de alegria.
— Agora eu sou oficialmente pai de quatro filhos — sussurrou Janosz, quando se aproximou dela e a abraçou.
— Obrigada… — Klara se aninhou em seu peito, e seu coração se fortaleceu por um momento, como se tudo o que perderam agora tivesse se tornado realidade.