Na noite de Natal uma mulher grávida bateu na porta e entrei em choque ao descobrir quem era

ENTRETENIMENTO

A noite de Natal envolvia a casa como um cobertor quente. O cheiro de biscoitos de gengibre ainda pairava no ar, e as pequenas luzes da árvore piscavam suavemente na sala.

As crianças dormiam imersas no silêncio do andar de cima, Mark estava estendido no sofá, jogando no novo videogame, e eu estava na cozinha, lavando os últimos pratos.

Tudo estava no seu lugar. Por um momento, parecia que o tempo até havia parado.

Então, houve uma batida na porta.

Não foi um simples toque, mas uma pancada desesperada, batida com punhos trêmulos – como se alguém tivesse vindo de um lugar distante só para alcançar aquela porta.

Congelei, a esponja caiu da minha mão e virei a cabeça na direção do som. Já estava quase meia-noite e, do lado de fora, a neve caía grossa. Talvez um vizinho? Um entregador perdido?

– Mark? – chamei.

– Hm? – resmungou, sem tirar os olhos da tela.

– Tem alguém na porta.

– Deixa pra lá – fez um gesto com a mão. – Deve ser uma encomenda. Olhamos amanhã.

– Na véspera de Natal? – balancei a cabeça e fui pegar o casaco.

Quando abri a porta, o vento gelado bateu no meu rosto. No batente, estava uma mulher jovem, coberta de neve, o casaco encharcado, os lábios quase roxos de frio. Ela se abraçava, tremendo.

– Por favor… – sussurrou. – Me ajudem. O parto começou… Preciso chegar ao hospital…

Imediatamente percebi: não havia companhia, não havia carro, só ela e a neve. Mas, antes que eu pudesse perguntar, uma frase cortou meu coração como um iceberg:

– Deixe seu marido explicar.

Eu não entendi. Minha cabeça estava zumbindo, mas me afastei e a deixei entrar.

– Sente-se. Eu vou trazer um cobertor. – Minha voz tremia, mas agi rápido. – Mark!

– O que foi agora? – perguntou irritado, mas ao ver a mulher, tudo ao seu redor sumiu, o jogo, a sala, tudo.

– Você… – sussurrou. – O que você está fazendo aqui?

– Finalmente – respondeu ela, com raiva. – Já era hora de você encarar isso.

– Quem é ela? – perguntei baixinho, mais para mim mesma.

Mark procurava palavras, passando a mão pelos cabelos.

– Minha filha. Antes de te conhecer.

O chão parecia ter sumido sob os meus pés.

– Sua filha? – dei um passo para trás. – Nunca… nunca me falou disso…

A mulher se virou para mim. Sua voz estava cheia de dor e raiva.

– Tinha seis anos quando ele foi embora. Desde então, nunca mais o vi. E agora ele faz de conta que é pai de outra família.

– Mark… – tentava entender. – Você realmente a abandonou?

– Eu era jovem, cometi erros – murmurou. – Achei que, se eu escondesse o passado o suficiente, ele desapareceria.

– Mas não desapareceu – disse eu. – Agora ela está aqui. E precisa de ajuda.

Os olhos dela estavam cheios de lágrimas.

– Não peço muito. Só que não me deixem sozinha.

– Vamos – decidi. – Vou te levar ao hospital.

Mark se levantou rapidamente.

– Deixa eu ir com vocês.

– Não – interrompi, com firmeza. – Você fica. Tem muito o que pensar.

Olhei para a garota, e ela assentiu.

– Vamos.

A neve batia em nossos rostos enquanto chegávamos ao carro. A ajudei a entrar, cobri com um cobertor, entrei no carro e começamos a viagem.

A estrada estava escorregadia, o vento forte, mas ainda mais forte era o tumulto dentro de mim.

– Você está bem? – perguntei, olhando para ela de relance.

– Sim – respondeu, mas seus olhos diziam outra coisa.

Ficamos em silêncio por um longo tempo.

– Qual é o seu nome?

– Emma.

– Eu sou Claire.

– Eu não sabia o que ia encontrar quando bati na porta. Mas estou feliz que tenha sido você a abrir.

– Não é sua culpa, Emma. E você não está sozinha.

Quando chegamos ao hospital, a agitação tomou conta, luzes e gente correndo para todo lado.

Emma começou a entrar em trabalho de parto, e eu fiquei ao lado dela. Segurava sua mão. Quando ela gritava, eu a apoiava. Quando ela chorava, eu a confortava.

Finalmente, o bebê chorou.

– Menino – disse o médico.

Emma abraçou a criança, suas lágrimas escorriam sobre o rostinho rosado do bebê.

Voltei para casa. A casa estava silenciosa. Mark estava no sofá, olhando a tela escura.

– Nasceu um menino – disse. – Está saudável. Mais forte do que você jamais foi.

– Claire…

– Chega de desculpas. Eu quero respostas. A verdade.

Mark abaixou a cabeça.

– Eu tive medo. Não sabia como encarar o passado. Achei que, se escondesse o suficiente, ele desapareceria.

– Mas não desapareceu. Uma garota de carne e osso bateu na nossa porta hoje. Sua filha. Nosso neto.

– Eu vou corrigir isso. Eu prometo.

– É melhor que cumpra – disse eu, subindo as escadas. – Porque agora você não deve isso só a você.

Deitada na cama, pensei em Emma. No bebê. E como a vida pode se partir em mil pedaços – mas, se tivermos sorte, alguém vai estar lá para juntar os cacos.

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