Dennis, um homem de sucesso e riqueza, mas marcado pela solidão, estava caminhando pela praça de uma pequena cidade quando, sem esperar, sua vida tomou um rumo que ele jamais imaginou.
A praça vibrava com o brilho das luzes de Natal, o som das risadas e o ritmo animado das crianças patinando no gelo.
Casais passeavam de mãos dadas, com os rostos aquecidos pelo carinho e pelas roupas de inverno.
Em um canto, um grupo de cantores de Natal entoava melodias, suas vozes calorosas contrastando com o ar gélido da noite.
Dennis se sentia deslocado. Um homem de negócios de sucesso, que, no fundo, não sabia o que era estar verdadeiramente acompanhado.
Crescera em um orfanato, nunca soubera o que era o calor de uma família verdadeira.
Ao longo dos anos, seus relacionamentos haviam sido superficiais, onde ele era apenas um bolso recheado, e não um ser humano com emoções.
Ali estava ele, mais uma vez, solitário. Só, como todos os anos.
Mas, então, algo inesperado aconteceu. Alguém esbarrou nele. Ele se virou, e, para sua surpresa, viu uma jovem mulher caída no chão, sorrindo de maneira espontânea.
O sorriso dela, cheio de vida, foi como uma onda de calor que lhe tocou o coração. Ela parecia irradiar uma alegria contagiante.
«Ops!» Ela riu, ainda sentada. «Desculpa, não sou tão boa com os patins quanto pensei.»
«Sem problema,» disse Dennis, estendendo a mão. «Está tudo bem?»
Antes que ela pudesse responder, um homem grande apareceu, fuzilando Dennis com um olhar. Puxou a moça para longe, e, com voz rude, perguntou: «O que você está fazendo com ela?»
«Não é nada disso,» Dennis respondeu rapidamente, levantando as mãos em sinal de paz. «Eu só a ajudei a se levantar.»
O homem resmungou, lançando um olhar hostil, antes de levar a jovem embora, deixando Dennis ali, com um sentimento estranho de desapontamento.
Ela olhou para ele uma última vez, com um olhar de desculpas, antes de desaparecer na multidão.
Dennis ficou parado por um momento, balançando a cabeça. «E é assim que os milagres acontecem,» murmurou, voltando-se para ir embora.
Foi quando sentiu algo puxando seu casaco. Ele se virou, meio esperando que fosse a jovem, mas, para sua surpresa, encontrou um menino, pequeno e inseguro, com um olhar de apreensão.
«Desculpe, senhor,» disse o garoto com uma voz suave e um tanto trêmula. «Eu… não consigo encontrar minha família. Eu não a vejo há alguns dias.»
As palavras dele acertaram Dennis como um soco no estômago. «Você perdeu sua família?» perguntou, abaixando-se para ficar ao seu nível. «Quando os viu pela última vez?»
O menino olhou para o chão, seus pés arrastando na neve. «Eu não sei exatamente. Estou procurando por eles… já faz um tempo. Mas, por favor, senhor, não chame a polícia.»
«Não chamar a polícia?» Dennis questionou, surpreso. «Mas se você está perdido há dias…»
O menino balançou a cabeça com força. «Não, por favor, não a polícia. Eu ouvi que às vezes a polícia leva as crianças quando as famílias não têm dinheiro… E minha família é pobre.»
Dennis ficou em silêncio por um momento, seu olhar fixo no menino. Ele sabia o que era o medo de perder algo importante. Ele também já tivera medo, muitos anos atrás.
«Não se preocupe,» disse ele, com uma voz suave. «Eu não vou chamar a polícia, prometo. Vamos dar um jeito nisso, tudo bem?»
O menino olhou para ele, um pouco mais aliviado. «Obrigado, senhor. Eu não sabia a quem pedir ajuda.»
«Me chame de Dennis,» disse ele. «E você, como se chama?»
«Ben,» respondeu o garoto, apertando um pequeno medalhão em suas mãos, como se fosse o único bem que ainda possuía.
«Bom, Ben,» disse Dennis com um sorriso. «Vamos te levar para casa. Você sabe onde fica?»
Ben assentiu com a cabeça. «Não é muito longe daqui. Eu posso te mostrar.»
Dennis fez uma ligação, e logo um carro chegou. Ben entrou primeiro, se acomodando no banco de trás, e Dennis entrou logo atrás. Olhou para o menino, que ainda segurava o medalhão.
«Esse medalhão… ele parece especial,» comentou Dennis.
Ben olhou para ele, apertando mais forte o pequeno coração prateado. «Ele vem de onde eu morava antes. Eles nos dão isso lá.»
Dennis olhou para o menino, algo no medalhão o fez lembrar de tempos passados, mas não conseguiu identificar de imediato o motivo.
«Você gosta do Natal?» perguntou ele, tentando puxar conversa.
«Sim,» Ben respondeu, com um tom suave. «É bonito.»
Quando chegaram ao endereço de Ben, Dennis o acompanhou até a porta. Ele bateu, mas ninguém atendeu. Depois, bateu mais uma vez. O silêncio era total.
«Talvez eles estejam com os avós,» sugeriu Ben, mas sua voz estava cheia de incerteza.
Dennis olhou para a praça iluminada, cujas luzes piscavam ao longe. «Vamos fazer o seguinte,» disse ele, agachando-se para olhar nos olhos de Ben. «Vamos dar um tempo.
Que tal voltarmos para a praça e esperar por eles enquanto olhamos as barracas? Já andou de patins?»
Ben o olhou com brilho nos olhos. «Nunca andei de patins! A gente pode tentar?»
Dennis sorriu. «Claro. Vamos lá.»
Logo estavam de volta na pista de patinação. Ben estava um pouco inseguro no início, mas logo se soltou, deslizando pelo gelo com entusiasmo, balançando os braços de um lado para o outro.
Dennis, apesar de não ser um expert, também estava se divertindo. Eles caíam, riam, se levantavam e tentavam novamente. A noite estava se transformando em algo mágico.
«Olha, Dennis! Eu já sei patinar!» gritou Ben, com um sorriso imenso no rosto.
«Eu é que vou precisar de aulas com você!» Dennis respondeu, rindo.
Depois de algum tempo, tentaram a sorte nas barracas de jogos. Ben não ganhou, mas fez uma tentativa com tanto vigor que quase derrubou toda a mesa.
«Podemos tomar chocolate quente?» perguntou Ben, com um sorriso travesso.
«Claro,» respondeu Dennis. Eles foram até um dos estandes, pegaram dois copos fumegantes e se sentaram em um banco, observando a movimentação da praça.
Ben parecia feliz de uma maneira que Dennis não via há muito tempo.
Enquanto observava o menino, Dennis sentiu um calor crescente em seu peito, algo que não sentia há anos. Eles se conheciam há poucas horas, mas já havia algo profundo entre eles.
E Dennis não queria que aquela noite acabasse.
Por fim, ele tossiu suavemente. «Ben, talvez seja melhor voltarmos para o orfanato agora.»
Ben o olhou surpreso. «Como você sabia disso?»
Dennis sorriu, olhando para o medalhão. «Eu reconheci quando vi. Eu também fui para um orfanato quando era criança. Eles davam medalhões iguais a esse.»
Ben olhou para ele, os olhos se arregalando. «Você… você também estava no orfanato?»
Dennis assentiu. «Sim, há muitos anos. Eu tinha a sua idade na época. Por isso sei como é querer uma família, nem que seja por uma noite.»
Ben olhou para o chão e, lentamente, assentiu. «Eu só queria ter uma família no Natal, sabe?»
Dennis o olhou com compreensão. «Eu sei, Ben. E sou muito feliz de passar essa noite de Natal com você.»
Juntos, caminharam em direção ao orfanato, a paz da noite envolvendo-os, enquanto o calor daquele momento continuava a crescer entre eles.
E, naquele Natal, Dennis descobriu que as coisas mais preciosas não são aquelas que se compram com dinheiro.