„Mãe, você deveria ter vergonha! Como pôde nos trair assim?!“

ENTRETENIMENTO

Gala estava prestes a atingir um marco que, para muitos, representa uma espécie de redefinição: 50 anos.

Mas ao contrário da maioria, que escolhe celebrar com festas barulhentas ou reuniões familiares emocionadas, ela queria algo completamente diferente.

Não havia espaço para clichês em sua vida – ela queria viver o dia de uma maneira única, sem pressões e sem compromissos.

Seu plano? Um voo direto para o Egito, onde ela se perderia na grandiosidade das pirâmides e se entregaria às águas místicas do Mar Vermelho.

Há anos, ela alimentava o desejo secreto de ver as pirâmides com seus próprios olhos. Aquelas construções imponentes, que pareciam tocar o céu e desafiar o tempo.

O Egito representava para Gala não apenas um destino turístico, mas uma libertação.

Ela sabia que precisava desse escape, e quem melhor para acompanhá-la nessa jornada do que Ludmila, sua amiga de longa data e confidente?

A vida de Gala não tinha sido fácil. Sempre houve a sensação de que ela estava carregando o peso do mundo nas costas, seja pela responsabilidade da casa, seja pela constante exigência de todos ao seu redor.

Chegara o momento de colocar as próprias necessidades à frente das dos outros. Seu aniversário não seria uma celebração para agradar ninguém – seria para ela mesma. Finalmente.

Mas quando ela compartilhou seus planos com Olga, a reação foi mais intensa do que ela imaginava.

“Mãe, você vai fazer 50 anos! Como assim, sozinha? Vai para o Egito? E nós? Não vamos comemorar juntos?” A indignação de Olga foi visível a cada palavra.

Para ela, esse era o tipo de aniversário que uma mãe *não* deveria ter – distante, desconectada da família, sem aquele calor que só os parentes mais próximos poderiam proporcionar.

Olga não entendia. Afinal, como poderia Gala ignorar as expectativas? Como poderia uma mãe, ao completar 50 anos, não querer a companhia da filha, dos netos, do marido?

A tensão entre elas não era novidade. Desde que o pai de Olga, Vladimir, falecera, Gala havia se fechado no seu próprio luto. Enquanto seus amigos a cercavam com carinho, Olga se afastava.

As visitas diminuíram, as conversas se tornaram mais distantes, e o vínculo entre mãe e filha, que antes era forte, agora se tornava um campo de batalha.

Olga nunca percebeu como sua mãe estava perdida nesse vazio até que ela própria tivesse de lidar com ele.

E agora, quando Gala finalmente tomava coragem para viver o seu próprio sonho, Olga sentiu-se abandonada. “Você vai nos deixar para ir com a Ludmila?” – a acusação foi quase uma explosão.

“E quanto a mim? A nossa família? Não somos importantes o suficiente?”

Gala se manteve calma, mas dentro dela uma chama de raiva crescia. Como poderia sua filha questionar suas escolhas depois de todos esses anos em que ela havia dado tudo por sua família?

Como ela podia ser acusada de egoísmo, quando foi sempre ela quem sacrificou seus próprios desejos? Ludmila, sua amiga fiel, foi quem esteve ao seu lado quando o mundo desabou.

Quando Vladimir partiu, Ludmila foi quem segurou sua mão, quem a levantou, quem lhe deu o consolo que ela nunca encontrou em sua filha.

“Ludmila é minha irmã de alma. Ela me ajudou quando você se distanciou.

Ela foi a única a estar presente quando eu mais precisei,” respondeu Gala, sua voz firme, mas o coração apertado.

Olga, no entanto, não quis ouvir. “Você sempre foi tão egoísta! Você poderia, ao menos, nos convidar para celebrar junto com você. Você e o Ilya estavam esperando tanto esse momento…”

Gala sentiu o peso das palavras da filha. Ela estava farta de ser a única a carregar o fardo de todos.

Farta de dar e não receber nada em troca. No entanto, algo dentro dela despertou uma força que há muito tempo estava adormecida.

Ela fez sua escolha. “Eu já planejei essa viagem, e não vou desistir. Vocês precisam encontrar a solução para seus problemas.”

Olga a olhou com desprezo. “Você está sendo cruel, mãe,” ela disparou, antes de sair pela porta, com a frustração estampada no rosto.

Gala não sentiu culpa. Ela estava cansada de se sacrificar, cansada de ser a pedra fundamental de uma família que nunca a apoiou de verdade.

O Egito foi tudo o que ela imaginara – e mais.

As pirâmides, com suas pedras milenares, pareciam desafiar o tempo e a razão, e o Mar Vermelho, com sua água cristalina, a envolvia em um abraço acolhedor.

Ela nadava, se perdia, se encontrava. O silêncio dos templos antigos, a luz dourada do deserto, tudo se unia para curar as feridas que ela mal sabia que ainda carregava.

Nos primeiros dias, ela recebeu mensagens de amigos e colegas, mas nada de Olga.

Só quando Gala já começava a se acostumar com a ideia de que talvez ela tivesse feito a escolha certa, uma mensagem de texto chegou, simples e fria: “Feliz aniversário.

Aqui estão umas flores para você.” Era tudo. Gala ficou desiludida, mas não sentiu remorso. Ela sabia que havia escolhido a si mesma, algo que não fazia há décadas.

No último dia da viagem, enquanto caminhava pela praia com Ludmila, Gala sentiu uma paz profunda. Ela estava livre. Sem pressões, sem expectativas, sem a necessidade de agradar ninguém.

Mas quando voltou para casa, a realidade a aguardava com uma surpresa amarga.

Olga estava lá, aos prantos. Ilya havia ido embora. E não era só isso – ele a culpava por todos os problemas da família.

Pela sua falta de sucesso, pelas dificuldades financeiras, pelo fracasso do casamento.

“Ele quer abrir uma empresa e precisa de dinheiro. Você tem que nos ajudar, mãe! Vende o apartamento!” – Olga implorou, soluçando.

Gala não hesitou. Não venderia seu apartamento, não entregaria sua casa, não abriria mão de seu lar para salvar alguém que, de algum modo, ela sempre soubera que não faria o mesmo por ela.

“Não vou vender meu apartamento. Eu não sou responsável pelos erros do Ilya, nem pelos seus,” disse, sem titubear.

Olga saiu furiosa, mas Gala sentiu uma onda de poder invadi-la. Ela não tinha mais medo das expectativas de sua filha, nem das pressões da vida. Ela viveria por ela mesma.

Um ano depois, Gala encontrou um novo parceiro. A vida dela, que antes parecia definida pelas obrigações e os outros, agora era uma coleção de momentos vividos por ela mesma.

A relação com Olga ainda era difícil, mas Gala havia aprendido a ser dona de seu próprio destino.

Enquanto Ilya ainda tentava suas iniciativas fracassadas e Olga lidava sozinha com as responsabilidades da vida,

Gala finalmente compreendeu que não era responsável pelas escolhas de ninguém, a não ser pelas suas próprias.

Agora, ela se sentia livre, completa. E pronta para escrever seus próprios capítulos, sem se curvar mais ao peso das expectativas alheias.

(Visited 58 times, 1 visits today)

Avalie o artigo
( Пока оценок нет )