No funeral da minha avó, percebi que minha mãe estava secretamente colocando um pacote na cova – dei uma olhada furtiva e não consegui acreditar no que encontrei.

ENTRETENIMENTO

Era uma tarde sombria quando entrei na abandonada casa da família. As paredes pareciam sussurrar segredos do passado, e o suave som da chuva batendo nas janelas dava ao ambiente uma atmosfera quase fantasmagórica.

Nunca imaginei que voltaria a esse lugar, mas, após a morte da minha avó, ele era o único que me restava.

Desde que minha avó, Helene, faleceu há duas semanas, me fechei cada vez mais. O mundo lá fora parecia barulhento demais, e sua ausência deixou um vazio que eu não sabia como preencher.

Helene não era apenas minha avó, mas também minha confidente e amiga.

As muitas memórias que tinha com esse lugar me mantinham ali: as tardes de culinária, as longas conversas nas quais aprendi mais do que qualquer livro poderia ensinar.

Mas naquele dia, algo parecia estranho. Ao caminhar pela casa, percebi que algo não estava certo.

Havia um vazio estranho nos cômodos, como se o tempo tivesse decidido abandonar aquele lugar.

No silêncio da casa, ouvi de repente passos – era minha mãe, Martha, que depois de anos de silêncio e desentendimentos, finalmente apareceu.

“Lena, você já chegou?” perguntou ela, com uma mistura de preocupação e hesitação.

Eu só assenti em silêncio e observei enquanto ela se movia cuidadosamente pelo ambiente.

Nas mãos, ela segurava uma pequena caixa, que colocou com cuidado sobre a mesa. Algo na maneira como ela tratava a caixa despertou em mim uma sensação de apreensão.

Era como se ela escondesse algo que não queria revelar.

“O que é isso?” perguntei finalmente, à medida que o desconforto dentro de mim crescia.

“É só uma coisinha”, respondeu ela, mas a nervosismo em sua voz era inconfundível. “Eu queria ter dado isso a Helene, antes… antes dela partir.”

“O que exatamente?”

Minha mãe hesitou, como se estivesse tentando organizar seus pensamentos. “São só algumas lembranças. Cartas antigas que ela me escreveu quando eu era criança. Ela queria que eu as guardasse, mas nunca consegui.”

Uma sensação estranha percorreu meu corpo. Algo na explicação dela parecia errado.

Desde a minha infância, eu sentia que entre minha mãe e minha avó havia um segredo – algo que nunca foi dito, mas que pairava no ar e de alguma forma nos conectava.

“Posso ver?” perguntei, embora já tivesse uma ideia do que poderia estar dentro da caixa.

“Lena, você não deveria…” A voz dela tremia, enquanto afastava a caixa de mim. Mas eu já tinha conseguido vislumbrar o conteúdo.

Não eram cartas, mas fotos antigas. Imagens em preto e branco de uma época que me era estranha.

Minha mãe, ainda jovem, com um homem que eu nunca tinha visto antes. Seus rostos estavam borrados, como se tivessem sido propositalmente desfocados.

“Quem é ele?” perguntei, embora já soubesse a resposta.

“Ninguém”, respondeu apressada. “Alguém do passado. Não é importante.”

Mas eu sabia que era importante. Por que minha mãe havia escondido isso por todos esses anos, algo que claramente desempenhou um papel significativo em sua vida? Por que minha avó, que sempre fora tão aberta comigo, havia guardado essas coisas em uma caixa?

“Eu quero saber o que realmente aconteceu”, disse eu, finalmente, com firmeza.

Minha mãe me encarou com uma mistura de raiva e desespero. “Você não tem ideia do que está pedindo.”

“Talvez não tenha”, respondi calmamente. “Mas não descansarei até saber a verdade.”

Nesse momento, comecei a entender que o passado da minha família escondia mais segredos sombrios do que eu jamais poderia imaginar.

As histórias que minha avó me contava eram apenas uma parte de um mistério muito maior, que agora eu estava determinada a desvendar.

Ao abrir a caixa, encontrei uma coleção de cartas guardadas em uma velha pasta. A caligrafia era claramente da minha avó, mas o conteúdo dessas cartas era algo que me abalou profundamente.

“Martha, você precisa tomar uma decisão. Não posso mais suportar suas mentiras”, li em voz alta. “Você quebrou tantas promessas, e eu não sei quanto mais posso suportar.

Não vou mais te apoiar, se você não assumir a responsabilidade pelo que fez.”

Essas palavras cortaram meu interior como uma faca. Meu estômago se contraiu, e senti uma onda de decepção e horror.

Será que essa era a verdade que minha avó havia mantido em segredo todos esses anos?

“Isso não… isso não pode ser verdade”, sussurrou minha mãe, olhando as cartas.

“É verdade”, disse eu calmamente. “Por que você manteve isso em segredo de mim por todos esses anos?”

“Porque eu queria te proteger”, sussurrou ela. “Eu não queria que você soubesse disso. Eu não queria que você me julgasse pelo que fiz.”

“Você me envolveu nessa mentira, e agora não posso mais voltar”, disse eu. “Eu preciso saber por quê.”

Nesse momento, percebi que a conexão entre minha mãe e eu não era apenas de sangue, mas também de todas as verdades não ditas que nos separavam do nosso passado.

E eu sabia que não descansaria até ter o quadro completo.

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