A luz suave da tarde filtrava-se pelas copas das árvores, banhando a clareira com um brilho dourado enquanto o sétimo aniversário de Emma estava a todo vapor.
Crianças corriam e se perseguiam pelo campo, seus risos animados se misturando ao sussurro das folhas que dançavam com o vento.
Balões coloridos flutuavam no ar, e a longa mesa, repleta de bolos, petiscos e presentes cintilantes, era o ponto focal da celebração.
Linda observava, à margem da festa, com um sorriso no rosto, sua filha, que acabara de apagar as velinhas de seu bolo. O momento parecia perfeito – exatamente como ela imaginara.
Emma irradiava felicidade, e por um breve instante, Linda sentiu um alívio, uma sensação de que finalmente conseguira dar à filha a segurança e o carinho que ela mesma tanto desejara na infância.
Mas essa calma fugaz se desfez quando seu olhar se dirigiu à borda da clareira. À sombra das árvores, uma figura se destacava. Linda a reconheceu instantaneamente: Thomas, seu pai.
Ele parecia um estranho naquele cenário alegre – um homem marcado pela vida, com os ombros caídos e um olhar incerto.
Havia um toque de hesitação em sua postura, como se soubesse que não era bem-vindo ali.
Um arrepio percorreu a espinha de Linda. Ela passara anos tentando excluí-lo de sua vida, tornando sua ausência uma espécie de escudo protetor contra a dor e a raiva.
Agora, ali, ele parecia ter quebrado as barreiras invisíveis que ela erguera.
Com passos rápidos, Linda se aproximou dele. Seu coração batia acelerado, uma mistura de fúria reprimida e um medo difícil de identificar.
– O que você está fazendo aqui? – sibilou, sua voz fria e cortante.
Thomas levantou os olhos. Seus olhos estavam cansados, cheios de culpa, mas também havia um brilho de esperança.
– Eu queria ver a Emma – disse suavemente, levantando uma pequena caixa cuidadosamente embrulhada. – Só por um momento. Trouxe um presente para ela.
Linda balançou a cabeça, seus músculos faciais tensos. – Você não tem direito de estar aqui – disse com a voz abafada. – Você não faz parte da vida dela, e nunca fará. Vá embora.
Thomas baixou a cabeça. – Eu entendo – murmurou, sua voz quase inaudível. – Eu só queria… mostrar que mudei.
Linda não queria acreditar em suas palavras. Quantas vezes já ouvira promessas vazias? Quantas noites passara, criança, sozinha e tomada pelo medo?
Sem dizer mais nada, virou-se e voltou para a festa, determinada a expulsá-lo de seus pensamentos o mais rápido possível.
Mas, com o passar das horas, uma inquietação foi crescendo nela. Já fazia um tempo que não via Emma. Seus olhos percorreram a clareira, mas não a encontraram.
O pânico apertou seu peito, gelado e implacável. Ela chamou o nome de Emma, sua voz trêmula de terror. Os convidados se calaram, e a festa deu lugar a uma busca frenética.
Os minutos se arrastaram, como se fossem eternidades, e ainda não havia sinal de Emma.
A polícia chegou e começou a vasculhar a área com precisão. Linda mal conseguia respirar, ouvindo os gritos desesperados dos policiais.
Um pensamento assustador invadiu sua mente: Será que Thomas a havia levado?
Mas então, como um milagre, ela ouviu a voz de um policial, clara e firme: – Aqui! Encontramos ela!
Linda correu em direção à voz, seu coração batendo descompassado, lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela encontrou Emma – tremendo, mas ilesa – nos braços de Thomas.
Ele a havia encontrado quando ela se perdeu na floresta e havia ficado esperando com ela até a chegada da ajuda.
Ao abraçar sua filha, uma mistura de alívio e vergonha tomou conta de Linda. Mais tarde, enquanto Emma dormia exausta em seu colo, Linda se sentou diante de seu pai.
O rosto dele estava marcado pela fadiga, mas seus olhos refletiam uma ternura que Linda não via há muito tempo.
– Pai – começou ela, sua voz suave e hesitante. – Eu estive tão brava com você. Por tanto tempo. E pensei… pensei que você a tivesse levado. Mas você… você a salvou.
Thomas levantou os olhos, e lágrimas brilharam em seu olhar. – Eu fiz tantas coisas erradas, Linda. Sei que não posso apagar o passado, mas tentei me tornar uma pessoa melhor. Para você. Para a Emma.
Linda sentiu uma carga, que carregara por tanto tempo, se desfazer dentro de si. – Eu não quero mais viver no passado – disse, por fim. – Talvez possamos tentar um novo começo. Pela Emma.
Thomas assentiu, sua voz falhou quando respondeu: – Isso significaria mais para mim do que eu posso expressar em palavras.
Naquele momento, enquanto a escuridão da noite suavemente tomava conta da clareira, Linda compreendeu que o perdão não apaga o passado, mas ilumina o futuro.
Era um novo começo para todos – uma oportunidade que ela nunca se atrevera a sonhar.